terça-feira, 30 de outubro de 2007

Réquiem para a Mossaranha.

Ontem, 29 deste outubro deste 2007 estive na Mossaranha – do original Mçarabãe, segundo Sebrão Sobrinho – e... que estado lastimável! A pequena lagoa, origem de tão bela lenda e que já foi registrada pelo escritor e aventureiro Sir Richard Burton está invisível, debaixo de um capim alienígena que lhe tomou e, sequer serve para que se tome banho nela como tanto se fez ou mesmo que venha se prestar ao abastecimento de animais, como o foi durante séculos, inclusive dos boiadeiros de Simão Dias e dos flancos da Miaba em direção às Laranjeiras, esplendorosa, do século XIX.
Sua importância no passado era tamanha que, junto com as lendas que permearam o mundo acerca da Itabaiana ela foi parar nas páginas do livro de Burton (The highlands of the Brazil, Tinsley & Brothers, Londres, 1869), como uma lagoa de três léguas de comprimento, ou seja, 19,6 quilômetros, talvez numa confusão com a Puripiá dos holandeses, esta, próximo à margem do São Francisco e com o nome atual de lagoa do Cedro.
Sobre lendas, aliás, os ingleses – e escoceses - do Sir Burton são exímios em delas extrair algo mais palpável. Mais sólido. Basta ver o que acontece com o sem graça nenhuma lago Ness onde ninguém nunca pôde provar, mas tantos conhecem ou conheceram alguém que viu um tal de monstro por lá, que nenhuma tecnologia submarina atual foi capaz de comprovar. Vale a lenda. Vale os milhões de libras esterlinas - e euros - com turistas ávidos pela magia da lenda.
Quanto à nossa Mossaranha, continua ela a ser a Lagoa do Forno sem nenhuma importância dos últimos tempos e agora, sequer faz resplandecer o sol sobre a testada da Serra de Itabaiana como muitas vezes testemunhei em meus tempos de criança, já que coberta de capim alienígena. Agora ela é apenas um problema que poderá ser “resolvido” com algum aterro futuramente, né?