quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sobre feitiços e feiticeiros

Excelente a análise de Claudio Nunes, publicada em seu blog neste 10 de outubro e intitulada “Querem a chave do governo”.
Quando o feitiço é demasiado, pode virar bicho e engolir seu próprio dono.
É da natureza das coisas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Cotidiano da política.

Cotidiano I
Há algum tempo atrás um pequeno empresário resolveu entrar na política e comunicou a um fazendeiro de quem era parceiro em alguns negócios, fazia alguns anos. O fazendeiro, do tipo rústico; quase ranzinza foi na lata:
- Mas, oh fulano, tu já não tens tua vidinha que pediu a Deus? Que queres te metendo nesta pinóia de política? Política é coisa de homem safado!
O pretendente a cargo político, também, na lata:
- Fulano, hoje eu pago imposto no meu negócio. Quando eu estiver na política eu vou é receber.
Assim pensam noventa e nove por cento dos políticos brasileiros que entraram e permaneceram na política. Que o Estado é seu. Não para o bem administrar; mas para dele lambuzar-se despudoradamente.

Cotidiano II
Em 2004 esse escriba que aqui assenta essa lauda resolveu pela primeira vez dar entrada num registro de candidatura própria, desta feita para vereador aqui em Itabaiana. Alguns amigos, sabiamente duvidaram daquilo que eu nunca duvidei, ou seja, eu não teria voto suficiente. Outros, por bondade me animaram, inverteram a situação dando-me tapinhas nas costas, mas, enfim o que ninguém entendeu é que eu tinha um trabalho de formiguinha pra fazer e que somente poderia fazê-lo sem tanta estranheza casando-o com algo típico de quem anda de déo em déo (anda meio esquecida, essa expressão, né?). Pois bem, lá fui eu e meus panfletinhos de pobre a espalhá-los pela cidade. Dezoito mil, ao todo. Piadas o tempo inteiro. E eu ria. Como disse foi trabalho de formiguinha que ainda está fermentando, quase quatro anos depois.
Numa certa tarde vou passando em frente a uma casa, obviamente numa via itabaianense e lá estava deitado na calçada um moço de seus trinta anos, no máximo. À minha abordagem ele foi logo armando o bote de eleitor pra cima de mim, todavia, com toda a sinceridade do mundo, deu muito bem pra perceber. E veio a pergunta:
-Vereador ganha muito bem, né?
Respondi que sim, era um bom salário diante das exíguas horas dedicadas à vereação que não pode ser confundida com o tempo total dedicado aos conchavos políticos, imensamente maior.
- E quer ver ganhar é quando vai votar no projeto do Prefeito, né?
Eu entendi perfeitamente, mas fiz de conta que não:
- Como assim?
E ele candidamente, apenas com uma pontinha de inveja:
- Quando o prefeito quer uma Lei, o vereador não ganha pra votar nela?
Caiu a ficha porque não há voto sem pedido de contrapartida imediata pelo eleitor para si ou familiar, que vai desde a promessa de emprego, passando pela “doação” de bens como cimento, tijolo, colchões, caixões de defuntos; até chegar ao dinheiro vivo.

Cotidiano III
Os dois principais candidatos a vice-prefeito de Itabaiana nesta próxima eleição seguirão à risca o formato criado desde que o saudoso “Primo” Derivaldo Queiroz Correia foi eleito como o primeiro vice-prefeito da história de Itabaiana em 1966 (antes não existia a figura do vice-prefeito). Ou seja, quem tiver dinheiro pra “investir” no emprego de vice-prefeito, será convidado. Se bem acompanhado, obviamente, será o vice-prefeito eleito. Cargo ótimo pra representar o titular naquelas solenidades inconvenientes ao mesmo.
Se tiver sorte receberá o salário em dia durante os quatros anos sem necessidade de brigas e processos judiciais.