sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Nada de novo sob o sol

A pesquisa da J Folha Pesquisas Ltda (veja aqui no blog de Edivanildo Santana) divulgada pelo ex-deputado Zé Milton de Zé de Dona é de uma obviedade estonteante. Como diria o velho Salomão lá na Judéia: “Não há nada de novo sob o sol”. A candidata Maria Mendonça continua na faixa dos vinte a trinta por cento; Luciano Bispo na faixa dos trinta a quarenta e os demais números, bem, como dito, dentro da obviedade.
Desde 1992 quando se tornou comum o uso de pesquisas de opinião por aqui – para os certames municipais – que esta tem sido a regra. Inclusive quando Luciano recuperou o fôlego em 2000 e quando seu candidato não o teve suficiente em 2004. Ou até mesmo quando o próprio Luciano disparou em 1996.
O problema na consolidação destes números é que sempre falta combinar com o povo na hora H. Esperava-se ao final da campanha em 2004 algo como um mínimo de 2.500 votos pra Zezinho Queiroz. Deu magros de 733. E pra onde foram os “votos de Zezinho”? Os “simpatizantes” da candidatura de Zezinho migraram, conforme suas consciências ou conveniências pra Maria e Carlinhos da Atlética.
Voltando um pouco no tempo, em 1992. José Queiroz – o pai – era imbatível. A emissora Rádio Princesa da Serra inteiramente em suas mãos, dinheiro, status de ex-deputado, apenas tirado da reeleição por manobra palaciana, etc. etc. Começou disparado na frente. Quando começou a cair, a atual prefeita, então candidata pela primeira vez viu a chance de um passeio. Tomaram de goleada. Ambos. Enfim, pra onde irão os alegados 7,1 de Zé Milton e os nada desprezíveis 28,8 por cento de indecisos? Ou seja, um em cada três eleitores de Itabaiana? Estamos falando de mais de vinte mil votos.
A rejeição alegada de 31,5 por cento de Maria também é perfeitamente normal. Anormal é que Luciano tenha menos de 25 por cento que á faixa histórica dos que nunca votaram, não votam e nunca votarão em Luciano (coisas de interior, mesmo).
Pode parecer surpreendente o fato de a Prefeita, com o poder na mão aparecer com menos de dois terços das intenções de voto de Luciano, todavia é preciso lembrar que não há medida alguma de quando da reeleição de Luciano para comparação, e, nas eleições vencidas por João de Zé de Dona – quando Queiroz foi desbancado para longínquo terceiro lugar – em meados de 1992, José Queiroz ainda era o favorito. E Queiroz era o favorito porque o então volumoso eleitorado contra os Teles de Mendonça não queria Maria; Luciano não era candidato e se houvesse a reeleição e ele tivesse então se candidatado teria sido derrotado. As máquinas (em vários sentidos) salvaram a liderança de Luciano.
A derrota em 2006 pode ser consolidada agora. A vitória, só na última semana.
Quanto aos 7,1 espontâneo pra Zé Milton... É muito, não?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A função social de FHC. E outros.

Excelente a matéria de Luiz Carlos Azenha (clique aqui para ler), publicada ontem, 15 de outubro em seu blog. Não há como não tecer de imediato uma relação com o que se abateu sobre Itabaiana depois da confirmação da onda de mudanças abortada em 1994 com o golpe político do Real, mas reiniciada vigorosamente em 2002 com a primeira eleição de Lula à Presidência da República.
No plano nacional a própria mídia grande, inteiramente anti-petista passou a reverberar o chavão “viúvas de FHC”, no sentido de identificar os afoitos e desesperados que perderam a boquinha com o fim do mandarinato tucano em Brasília. Aqui em Itabaiana, ao susto do mesmo 2002 somou-se a confirmação de 2004 e reafirmação de 2006. Pronto. Caiu um véu de fumo negro digno de comparação a mais tétrica das imagens do Apocalipse.
Desarticulou tudo. A auto-estima de muita gente foi ao fundo do poço. Coisa séria, mesmo.
O sentimento que ora se vê na nação, em Sergipe e mesmo em Itabaiana por parcela ponderável e influente da sociedade é preocupante, pois mostra claramente que mantemos a maldita tradição do excessivo apego ao cargo público, eletivo ou não, como forma de ganhar dinheiro. Em verdade, se este apego se desse entre os degraus intermediários da sociedade, tudo bem; mas o pior é que ele ocorre nas pontas do sistema, especialmente com ricos empresários. O Brasil é um dos poucos países grande do mundo em que rico concorre a eleição pra ficar ainda mais rico; pra ganhar dinheiro. O Bushinho e seus falcões devem ter-se espelhado em nós. O sinônimo dessa adesão interesseira ao extremo é sonegação, concussão, corrupção, roubo. Quero deixar bem claro que não tenho nada contra empresário entrar na política, especialmente do nível de riqueza do nosso empresariado itabaianense, todavia, é preciso que fique bem claro: não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo; e a política é um sacerdócio, apesar de insistentemente, e quase sempre na sua totalidade ser invadida por certos sacerdotes com odores sulfúreos. O empresário grande, pela própria natureza da sua posição social já é um governo ou peça dele.
Quando falo de tradição é que esta remonta as origens da chegada da civilização ao Brasil quando levas de funcionários, todos judeus e desterrados para cá, aproveitavam pra roubar o rei. Aliás, uma implacável forma de vingança.
Mas, voltando ao assunto chave, a perda de mordomias e às vezes até de colocações honestas – apesar de conseguidas na xepa – derrubou a auto-estima de muita gente e é aí que entra a necessidade da liderança. Do FHC local.
Faz algum tempo num grupo político de Itabaiana se discutia sobre as agruras por que o grupo então passava, quando um dos membros, de grande influência no mesmo fez a seguinte observação: “Nós já estamos como nossa vida arrumada, vamos cair fora e deixar essa droga (o termo foi outro) pra lá”. De imediato a liderança maior olhou para a dita liderança menor e indagou: “E como nos vamos olhar nos olhos de nossos amigos que nos acompanharam por todos esses anos?”. A solução imediatista, e egoísta do desabafante morreu ali.
Sempre há luz ao fim do túnel.