sábado, 14 de junho de 2008

Saudosa Princesa.

Completou trinta anos ontem, 13, que a segunda emissora do interior de Sergipe e sétima em todo o Estado, foi ao ar oficialmente. Trinta anos de inaugurada a Rádio Princesa da Serra. A emissora que nasceu de um cochilo dos políticos da situação e da agilidade dos de oposição fez história e pode-se dizer que influenciou em muito a história política no município. Mas a sua real importância foi sumariamente negligenciada, esquecida, minimizada. A partir de 1978, o município que já se refizera das desgraças de 1963 e 1967 estava pronto para reagir positivamente, todavia, as condições econômicas gerais no país não eram das melhores e o Estado vivia a reboque do que acontecia na macro-economia e política federal. Mas a chegada da emissora deu um ânimo local muito forte turbinando o comércio fazendo valer a tendência natural que tinha o município. Mesmo sem outras situações inerentes a uma boa infra-estrutura de cidade (faltava um hospital, por exemplo), mas o município reagiu bem à novidade.
O uso abusivo da emissora como palanque político, entretanto quebrou-lhe a magia e, conseqüentemente o poder de mercado e o de influenciar. O feitiço virou contra o feiticeiro. Que pena! A emissora foi a escola de muitos talentos do rádio sergipano. Mesmo não me enquadrando nesta constelação, mas tive o prazer de nela dar meus primeiros passos na área de comunicação.
Parabéns, Princesa!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Oba! Já temos vinte assassinados neste ano.

A índole de todos hé de uma summa reserva e vingança; por qualquer leve capricho se despicão e o fazem atraiçoadamente a tiro, vulgarmente de traz de páu; o primeiro cuidado d'estes he haver huma arma de fogo, ornato que temem muito, se tornão atrevidos e capazes de todo o mal; e n'este continente he o uso da espingarda frequente, as mortes frequentes; os homens quietos e arranchados temem estes vadios e os soffrem, por evitarem cahirem na indignação d'elles... (...) as justiças se não fazem (...)


Diante do vigésimo assassinato no ano em Itabaiana – 50 por cada cem mil habitantes na média anual - ocorrido nas proximidades do Estádio Presidente Médici nesta quarta-feira, 11 de junho, só nos resta lamentar como o fez o Ouvidor-mor Antonio Pereira de Magalhães Paços em carta à Sereníssima Rainha D. Maria I em 26 de abril de 1799, relativo a Sergipe.
Por aqui é assim. A polícia só prende bagrinho, bêbado ou algum leve arruaceiro; esquentado que atirou em alguém, talvez. Quanto à bandidagem, estes vivem impunemente e se acertam da forma como sabem: matam-se uns aos outros. Se no meio aparece alguém que não faz parte desta corriola, se a família é "de sangue no olho", vai à forra através de um pistoleiro. Se não, resigna-se e pede a Deus pra que nunca mais aconteça. " As justiças se não fazem(...)"
E meus impostos continuam a ser cobrados.

Baixo meretrício.

A prisão de várias pessoas em Sergipe (leia mais aqui), policiais federais inclusive, envolvidas em crime de sonegação mostra a que ponto chegou a desmoralização do ato de se corromper. Até propina de vinte contos tinha policial pegando. Nada de Land Rover na garagem, escritórios presenteados a filhos de autoridades, apartamento de cobertura, chácaras paradisíacas, contas bancárias recheadas na Espanha, perdão, Andorra; ou na Inglaterra, perdão, Ilhas Jersey, ou na França, perdão, Mônaco; nada, nada. Míseros vinte contos é o suficiente pra comprar um funcionário federal, geralmente concursado e com poderes de polícia.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Clima preocupante.

Por ser de lá do sertão, lá do serrado/Lá do interior, do mato, da catinga, do roçado/Eu quase não saio, eu quase não tenho amigo/Eu quase que não consigo ficar na cidade sem viver contrariado.
Anastácia e Dominguinhos (MORAIS, José Domingos de)


O jornalista Luis Nassif cunhou a expressão cada vez mais freqüente no mundo intelectual “Cabeça de Planilha”, numa alusão aos papagaios que só sabem repetir velhas e surradas fórmulas, mesmo que comprovadamente ineficazes ou, no mínimo de eficácia questionável. Pois bem. A política provinciana de qualquer lugar tem como característica básica a papagaiada, o “planilhismo”. Exemplo, um esquemão em 1992 derrubou Fernando Collor de Melo levando deputados que o apoiaram até dez dias antes a bradar do microfone da Câmara, “em nome da moralidade pública de meu país; e da minha cidade Itabaiana, sim!”(ao impeachment de Collor). Eis que em 2006, uns e outros quiseram repetir a fórmula que acabou não dando certo.
Mas aí, no plano local, os maiores contendedores do próximo certame eleitoral vivem de apostar no “planilhismo”, na reedição mais que cansada e cansativa de acusações inócuas que, pela própria natureza, somente preenche os egos nada louváveis da turma dos seus próprios esquemas que então estufa o peito e berra: “toma aí, seu...”. Enquanto isso, o município continua sem uma diretriz sobre o seu futuro dentro daquilo a que se pode chamar de planejamento, civilidade. É só tricas e futricas, coisa de gente miúda, no pior sentido.
O ex-prefeito e pré candidato ao retorno, Luciano Bispo, tem insistido em algo que, inclusive não faz parte de sua forma de agir: a fofocaiada. Essa de denunciar que a família da prefeita Maria Mendonça está majoritariamente ocupando os cargos públicos do município, por exemplo, que diferença faz? Será que Itabaiana já cresceu tanto que os mais interessados na vida pública não têm disso conhecimento? Por outro lado vem o pessoal da prefeita e resolve mexer no baú e botar pra fora as traquinagens políticas de Luciano mostrando que até vereador ou ex de outros municípios estiveram na folha de pagamento em 2004 (por enquanto). E daí? Será que Itabaiana não lembra quando existiam por aqui até pessoas funcionárias do esquema Maluf (antes de ser satanizado em 1985) na Prefeitura de São Paulo? No momento consta que parte considerável e estratégica nos vários escalões do governo municipal é de estrangeiros que sequer conhecem Itabaiana. Muda, portanto, em que essa infra-linguagem? Salvo em queda no nível de discussão, desviando-o de seu objetivo, que seria o de fazer Itabaiana progredir, isso só leva ao atraso. Como nos tempos de Sebrão e Itajay em que apenas os Antonio Dultra e Cajuza Queiroz da vida conseguiam salvar a situação. Ou pior ainda, fica mais próximo dos tempos dos irmãos Bezerra, ao fim do período imperial, onde quase Itabaiana acaba.