sábado, 10 de outubro de 2009

Ilegalidades

Sobre as intenções - segundo afirma o radialista e blogueiro Edivanildo Santana - do vereador Jose Carlos Góis de por o nome do Senador Almeida Lima em praça do município (além da grande quantidade de leis federais e estaduais sobre o assunto) eis:

LEI ORGÂNICA MUNICIPAL de 03 de abril de 1990 (A “Constituição”, a Lei máxima de um Município no Brasil, sob a qual todas as demais leis menores devem ser feitas):

Art. 26 - compete à câmara municipal, com sanção do prefeito, dispor sobre todas as matérias de competência do município e, especialmente:
(...)
XVI. autorizar a alteração da denominação de ruas, vias e logradouros públicos;

Art 177 - O Município não poderá dar nomes de pessoas vivas a bens e serviços públicos de qualquer natureza.
PARÁGRAFO ÚNICO - Para os fins deste artigo, somente após um ano do falecimento poderá ser homenageada qualquer pessoa, salvo personalidades marcantes que tenham desempenhado altas funções na vida administrativa do Município, do Estado ou do País.


Ta parecendo as cidadezinhas minúsculas e recém criadas, que homenageiam tudo quanto é senador, deputado, governador, cabo, sargento, etc. Aqui houve tempo que o filé era generais. Quiçá alguém ainda propôs homenagear a General Eletric. Que saudades do Odorico Paraguassu e sua Sicupira!
Mas como é aqui, o lugar onde o “Código Brasileiro de Trânsito não vale,” tem até fórum federal com nome de Juiz Federal, vivinho da silva e que se Deus quiser deverá assim permanecer por pelo menos meio século! Aliás, tem leis aprovadas na Câmara Municipal versando sobre terreno a ser usado com construção pública, já com nome do ocupante do Executivo Municipal constante na sobredita Lei. Coisa de puxa-saco, mesmo, na melhor das hipóteses.
Dias Gomes melhores não virão!
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(pros que não lembram o dramaturgo Dias Gomes, dono de uma ironia ferina, especialmente contra espertezas de resultados questionáveis, entre outras obras escreveu “O Pagador de Promessas, O Bem Amado (do personagem Odorico Paraguassu) e Roque Santeiro (Sinhozinho Malta e companhia).
...
Post Scriptum: A leve dubiedade observada no Parágrafo Único do Artigo 177, "salvo personalidades marcantes que tenham desempenhado altas funções na vida administrativa do Município, do Estado ou do País.", não elimina ou anula o disposto no Caput do mesmo Artigo. Apenas abre possibilidade de abreviar o tempo de um ano, em caso de tratar-se de "personalidades marcantes".

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Falsidade ideológica; ou como engordar malandros

Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
Atos, 5, 38-39
No popular: "mentiras tem pernas curtas."
Políticos que mantêm o costume de dona de brega; cafetina apaixonada, deveriam ser tocado fogo.
A cafetina apaixonada é aquela que explora as outras prostitutas mais novas e menos favorecidas financeiramente tomando-lhes tudo que é possível. Aí, depois da coleta, chega o “negão”. A sua paixão. Além de ajeita-lo - às raias da humilhação - para um fortuito colóquio amoroso, a enciumada, que tem conhecimento de ser traída rotineiramente, pega o dinheiro arrecadado com as pobres “operárias do sexo” e joga tudo na mão do “negão”, para mantê-lo no bem bom, carrão importado, farras, high society e... mulheres mais jovens e supostamente melhores que ela, que sabe de tudo isso; mas, fazer o quê, né? A paixão. É a paixão.
A maioria dos políticos é assim. Os partidários trabalham a morrer; de graça. Aí vem um monte de fi’ d’uma égua, que em nada contribui, e o político lhes sai a distribuir grana. O artigo de Cláudio Nunes (aqui) é um primor na denunciação dessa prática de resultados pra lá de duvidosos. Em primeiro lugar, porque imprensa só, nunca elegeu ninguém. Antes da propaganda vem o marketing, de cujo, a propaganda é só um pedaço. “É o marketing, estúpidos!” Segundo, porque só tem influencia pela opinião gente em quem se confia. O tipo de gente que confia nos "missionários de missa encomendada" muda de opinião mais do que de roupa. Em geral é gente do "mesmo ramo".
Definitivamente o PT e demais partidos de esquerda não sabem lidar com eleitor corrupto. Há algum tempo atrás conheci um “dirigente partidário” que vivia de contabilizar a quantas reuniões ia e quanto embolsava em cada ida dessas às sobreditas reuniões. Fiquei a lembrar as viagens perdidas atrás de colaborações exíguas para pagar as despesas tanto quanto, dadas pelos companheiros que assumiram a tesouraria do PT logo que o fundamos aqui em Itabaiana. Tempos bicudos, aqueles. Voltando aos profissionais da politicagem, não é assim que funciona na Direita, muito mais eficiente na arte de manter a corrupção ou de “iniciar” alguém nela. Corrupto nenhum respeita patrão frouxo; gente que ele sabe morrer de medo de sua capacidade, real ou suposta, de causar danos. É por isso que os corruptos que cercam João Alves Filho são mais eficientes do que os que cercam Albano e principalmente dos que estão agora a cercar a Deda. O Negão (nada a ver com o outro, falado inicialmente) sabe como lidar com essa gente. Os corruptos seus partidários são realmente partidários. Inverte aqui, portanto, a lógica da cafetina com que iniciei essas mal-traçadas linhas. Já os de Albano e principalmente do companheiro Governador, ganham o dinheiro e as benesses e depois saem por aí esculhambando o chefe. Não têm o menor respeito. E não importa o nível: desde advogados, gente com cargo em comissão, a olheiros semi-analfabetos com CC no governo ou DDC - débito direto em conta (pelo partido).
O PT não pode nem deve realizar a revolução que muitos de seus fundadores imaginaram. Mas seus dirigentes têm que por uma coisa na cabeça: não dá pra fazer o mesmo que a Direita sempre fez, já que a Direita está aí, sempre renovada e há séculos e o PT nasceu exatamente para contrapor-se a ela. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar. Ao mesmo tempo, mesmo que aqueles sonhos socialistas hoje pareçam devaneios, os costumes da política nojenta têm que serem enfrentados com coragem e acima de tudo com inteligência refinada.
Eppur se mouve, como disse Galileu Galilei.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A "festa" recomeçou

Uma execução com ares de acerto de contas, por volta das 18:00 horas, no Bairro Campo Grande (oficialmente é Rotary Club) nas proximidade do 3° BPM - depois de um júri com réu absolvido - repõe a rotina dos últimos anos.
Há duas semanas que todos os dias tem fogos ao santo do dia(fervor religioso assim só no Cidade de Deus ou Pavãozinho); e agora, um possível "justiçamento" à moda sergipana; mais precisamente de Itabaiana. Não demora e os mãos de visgo vão estar de volta tomando tudo na tora.

O quebrador de vidro.

Foi um alvoroço. Rapaz bem apessoado, filho de família de bem, de repente, pego em flagrante a quebrar vidraças alheias com certeiras pedradas. Deve ter bebido, diziam uns; fumou “uma coisinha diferente” diziam outros mais maldosos. O fato é que a conta foi estratosférica, tanto do ponto de vista financeiro, com os reparos; como a conta de vergonha que a família – e o próprio, depois do acesso – ficou.
Passados alguns dias o fato se repetiu. Agora com mais intensidade. Não teve perdão: engaiolaram o descontrolado e lá se foi a família novamente a pagar as contas. Mas não teve jeito. Os acessos se tornaram tão freqüentes, que sem mais agüentar a família conseguiu de um médico uma indicação de loucura e o internou numa clínica pra curar o “assassino de vidraças”; o maníaco da vidraça. Uma semana depois, aparentando normalidade, o médico resolveu fazer a entrevista para liberá-lo da internação, mesmo continuando com observação e medicação em casa. E aí veio a pergunta com a resposta fatídica:
- O que o senhor fará quando sair daqui? Perguntou médico. Na lata o paciente respondeu:
- Vou quebrar vidro!
De início o médico achou engraçado, porém, sem querer dar bolas pro azar, resolveu reter o paciente por mais uma semana. Mais outra; mais uma entrevista prévia para posterior liberação; e mais a mesma resposta. O médico concluiu que se tratava de patologia grave. Consultou outros profissionais, encaminhou a família para fazer análise, mudou de droga e as respostas, semanalmente permaneceram as mesmas. Começou a esticar o prazo das entrevistas. Primeiro de quinze em quinze dias, depois de mês e mês e lá se foram três anos cheios quando um belo dia a história mudou.
Depois de dois anos havia mudado o médico do setor. O novo médico, que já conhecia a situação há quase um ano chegou ao quarto do paciente, fez os devidos exames físicos, fez as costumeiras perguntas sobre o estado geral, por fim, a pergunta padrão:
- O que o senhor vai fazer da vida quando sair daqui?
- Ah, doutor, quando eu sair daqui eu vou arranjar uma mulher. – Respondeu o maníaco das vidraças.
O rosto do médico se iluminou. Seria agora, meu Deus, que teria vencido essa batalha? Reinserir na sociedade um sujeito que há três anos andava fora dela? Diante da resposta resolveu aprofundar.
- E aí? Vai arranjar uma mulher, e...?
- Vou levar um papo com ela. Vou convencê-la a sair comigo.
- Sim! Sim, diga mais! – Disse o excitado médico.
- Depois de ganha-la no papo, vou levar pra um cantinho sossegado...!
- Sim! Sim, diga mais!
- Ah, doutor, assim eu fico envergonhado.
- Lembre-se que você está com seu médico; alguém que está cuidando de sua saúde e que deve conhecer particularidades suas como forma de melhor ajudar na sua cura. – Ponderou o médico.
- Bem, quando a gente tiver num cantinho sossegado, vou acariciá-la...!
- E?
- Vou tirar a roupa dela todinha, bem devagarinho.
- Certo, certo! E então? – Insistiu o médico.
- Vou deixá-la só de sutiã e calcinha.
- Certo! Mas, diga mais!
- Aí, vou tirar-lhe o sutiã...! – Foi dizendo cada vez mais lento.
Atento, o médico parou de perguntar e ficou só no aguardo. E o nosso paciente continuou:
- Depois vou tirar-lhe a calcinha!
Silêncio. O médico esperou que ele concluísse o pensamento e diante de mais de minuto de silêncio resolveu perguntar:
- Vai tirar-lhe a calcinha, e...?
Numa torrente de palavras o maníaco respondeu:
- Depois tiro o elástico dela; com ele faço uma baleadeira (ou estilingue), pego algumas pedras e vou quebrar vidro!
Extremamente decepcionado o médico juntou o material que colocara sob a mesa pra auscultação e medição de pressão, e sem dizer uma só palavra retirou-se.
Conclusão: Como se diz no popular tem coisas que não tem jeito.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A polícia e as velhas oligarquias

As velhas, retrógradas oligarquias sergipanas mostram seus dentes. A coluna de Claudio Nunes "Chame o Ladrão" evidencia, aparentemente um problema na Polícia sergipana. E é. Seu cerne, porém, está no comportamento medieval daqueles que de fato mandam: "os nobres". Eles estão por toda parte, mas principalmente no aparelho de sustentação do Estado: sua alta burocracia e sua Justiça. É aqui que começam as travas para manutenção das trevas; contra qualquer modificação para melhor, inclusive com desmoralização do executivo atual e o pior de tudo, a impunidade (isso já ocorreu noutras ocasiões. Não é, pois, privilégio do governo do PT). As máfias no funcionalismo público da Segurança manipulam como ninguém, essas divergências. O que se viu no TJ da Bahia recentemente(aqui e aqui), com meio mundo de policiais apadrinhados de juízes que resolvem fazer partidarismo pessoal, não é coisa só de baiano. Eis porque Sergipe deu um salto enorme depois de sua Independência, para começar a afundar duas décadas depois do golpe da República. É que entre a Independência do Estado e a República, quase todos os governantes foram enviados pelo Imperador, e a "elite" sergipana só podiam indicar os vices. Depois da República, até assassinato de governador (presidente, na época) houve.

Não se mexe em m.

Diz o anedotário jornalístico que quando da explosão do escândalo CAPEMI, Alexandre Garcia, hoje na Globo e na época na Revista Manchete chegou pro general Golbery que tinha parente envolvido na confusão e perguntou-lhe se queria prestar algum esclarecimento na revista que estava a fechar a edição daquela semana. Golbery ponderou, perguntando-lhe sobre as atrações populares de fim de semana no país. Alexandre discorreu sobre as mais importantes, futebol, especialmente. O velho general, alma do regime de 64 teria lhe dito então "deixa isso pra lá. Hoje é quinta-feira, e depois de tudo o que vai ocorrer sábado e domingo, ninguém mais vai se lembrar disto na segunda-feira."
O prefeito de Campo do Brito disse besteira numa entrevista a Edivanildo Santana. Pior, confessou um crime que, se não houvesse seriedade no Ministério Público apenas seletiva, ele já estaria afastado da Prefeitura, ao menos até que ficasse tudo esclarecido. Voltar a falar no assunto, tentando dizer que não disse o que disse é no mínimo arrogância. Alguém precisa avisar ao prefeito Manoel de Souza que em tempos de internet não basta ter amigos nas rádios ou jornais; é preciso não deixar vazar na rede onde cada cidadão é um potencial jornalista. É incontrolável. Nem Bush conseguiu controlar as informações vindas do Iraque e Afeganistão.
As palavras do prefeito britense agora são, no mínimo do anedotário, como as palavras do ex-deputado federal baiano João Alves, o dos Anões do Orçamento, com aquela história de ter ganhado tantas vezes na loteria porque “Deus me ajudou e eu ganhei dinheiro”. Da época de João Alves só é fácil de encontrar a transcrição do que foi dito; na época de Maim, até num celular pode ficar gravado as próprias palavras do prefeito.

Só para registro

É impressionante a sensação de estar abrindo o portão de casa que sinto quando em retorno de Aracaju, penetro na primeira curva da BR-235, após cruzar o segundo viaduto por sobre a 101. A 235 vai até a Bolívia, em que pese ainda haver trechos que sequer foram abertos; entretanto, no meu subconsciente “é a minha estrada”.
Coisa de bairrista.

Sonhos de fumaça.

Acontece que a história não tem pressa/ E o amor se conquista passo a passo/O ciúme é a véspera do fracasso/E o fracasso provoca o desamor.
Bela Inês teve medo do "condor” /Queimou cartas, lembranças do passado/ E nessa guerra de Deus e do diabo/Entre fogo cruzado desertou.
Bela Inês, com seu peito de operário/Não me esconde seu ar conservador

Alceu Valença In
Romance da Bela Inês

Interessante esse tema que, desde menino ouço falar em Itabaiana, o da Terceira Via, na política partidária. Problema é que na hora da onça beber água tem alguém que tem uma prima que precisa do emprego, um tio, irmão, esposo, esposa, mãe, pai, namorada, “nega”; ou que tem passe pra ir pra universidade (quem sabe até um curso zero-oitocentos), um carro, uma casa alugada ou outro esquema qualquer, e aí, “calados foi (vai) cada um pro seu lado; pensando numa mulher ou num time(...)” Ou, como contou aquele missionário sobre o que disse aquele sábio e o que fez o mancebo rico: “Então vai, vende tudo que tiverdes e daí aos pobres; vem e me segue”e o mancebo entristeceu por que tinha muitos bens.
Não existe terceira via por aqui, nem existirá, até que o município atinja pelo menos 200 mil eleitores. O que existe aqui é a primeira via que já existe ou a que vai suprimir a que era primeira que, ou acabará, ou ficará em segunda deslocando o grupo antes detentor desse status.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Triste administração pública, realidade brasileira

Ouça aqui
Pior que isso é cultural. Herança de tempos imemoriaveis. O que se ouve aqui é apenas um ato de honestidade em confessar o que, ao menos na Lei, é desonestidade; ilegalidade. Mas que está presente em quase cem por cento da administração pública nacional. A esperteza primitiva, selvagem, sobrepujando a inteligência; a civilidade. Eis porque alguns povos ficam ricos e outros, mesmo conseguindo muito dinheiro, tendo a maior fábrica de riqueza do mundo, são pobres.

domingo, 4 de outubro de 2009

Os ciclos políticos em Itabaiana

Tudo na vida é cíclico e a política, atividade humana por excelência, não poderia diferir.
Estamos a quase meio século de vida pública dos Teles de Mendonça e quase três décadas de reinado de Luciano Bispo de Lima. Ninguém na história de Itabaiana passou tanto tempo liderando por aqui como o primeiro grupo; e no caso do segundo, já está a cumprir a média histórica. Concorre para o questionamento ainda o fato de vivermos na era da informação, onde tudo transcorre bem mais rápido, especialmente a atividade política. O sistema, nos seus dois lados, apresenta sinais de cansaço. Eleições caras demais, o que significa contratos políticos complicados versus liderança natural em queda, é o quadro real da política itabaianense. Da mesma forma, em ambos os casos exauriram-se as possibilidades de vôos mais altos. Está difícil aos Teles de Mendonça algo além de uma cadeira na Assembléia Legislativa, bem como a Luciano, desprender-se da cadeira da Prefeitura para patamar superior. Por último, também está complicado o surgimento de novas lideranças já que as lideranças menores que aí estão tendem a desaparecer com seus pontas-de-lança, assim que estes saírem de cena. Lideranças desvinculadas, algo já bem complicado numa Itabaiana de dois séculos de política partidária e consolidação desse divisionismo, diante do quadro, teriam que fazer um esforço titânico para consolidar-se, dentre eles, o de ser o mais honesto possível gastando o máximo necessário para criar a necessária maioria. Em Itabaiana não existe e está difícil de existir a terceira força. Aqui, ou se é a primeira, ou se entra pra sê-la, pra no mínimo ficar como segunda. O certo é que, da parte que me toca, acho impossível uma sobrevida de mais uma década, para qualquer um dos grupos. A sorte do município em não cair em mãos de aventureiros externos – como aconteceu a Socorro, Laranjeiras, São Cristóvão, Pirambu, etc. - está no fato de que só um doido investiria tanto pra pegar o pior município em termos de rendas no Estado.

A política local como mero reflexo da nacional

Do que se conhece, as lideranças mais longevas daqui, além das que estão aí, foram Batista Itajay, trinta anos; Coronel Sebrão, trinta e seis; e Manoel Teles, vinte e seis. Em geral, seus ciclos terminaram junto com alguma mudança geral no país.
Somente no caso de Batista Itajay, a geração de uma nova liderança se tratou de um projeto de poder pessoal, baseado num projeto municipal. Só por coincidência, vieram sequenciadamente a libertação dos escravos e o golpe da República, o que influenciou completamente nos resultados posteriores. Nos demais - todos eles - foram inserções políticas acidentais, desprovidos de qualquer planejamento, até mesmo de sucesso pessoal; muito menos de grupo e menos ainda de um projeto político-administrativo para a cidade e seu município.
Os Teles de Mendonça nascem com o Golpe de 64 e após a desgraça que se abateu sobre Euclides Paes Mendonça, herdando-lhes o cabedal político; e começam a perder brilho com a redemocratização e conseqüente nova Constituição de 1988. Ao contrário, Luciano se firma com a Constituição de 88 e sua faceta redistributiva de recursos, e começa a perder espaço quando aspectos dessa mesma Constituição começam a serem aplicados como a Lei de Responsabilidade Fiscal, tornando a maleabilidade desses recursos menos livre. Foi a dita Lei que vitimou também a tentativa de soerguimento dos Teles de Mendonça, ainda mais comprometidos que Luciano com a velha política de troca de favores, logo, duramente prejudicados pela falta da maleabilidade de outrora. E é essa política que inexoravelmente enterrará ambas as lideranças, prisioneiros que são do dito sistema, e cujo sistema receberá a pá de cal quando entrar em vigor a Lei Complementar 131, que, como diz, complementará a Lei de Responsabilidade Fiscal. Não será somente, portanto, a longevidade que conspirará contra as lideranças dos dois grupos; e sim a aplicação de vetores externos, totalmente contrários ao tipo de política que fazem.

A falta do elo sucessório.

O fim das anacrônicas lideranças do fim do Império foi marcado pela perda territorial que se desenhou em 1874, se repetiu em 1890. Em menos de vinte anos o município de duzentos anos perdeu metade de sua área, incluindo aí a única realmente rica área, produtora de açúcar. A queda de Itajay, retirado do Governo do Estado por um golpe dos senhores de Engenho em 1909, três anos depois nos levou a metade do território que sobrara da ceifa de 1874 e 1890. O esfacelamento de lideranças mais fortes em 1930 nos levou três anos depois metade do que havia sobrado em 1912. Tudo isso porque há certa sincronia entre a queda da liderança de um lado que acaba levando à queda a liderança do outro. É algo como dois bêbados apoiados um no outro: caiu um, cai logo o outro. Isso acaba deixando o município acéfalo de lideranças e sujeito a escaramuças entre liderecos, geralmente cheios de usura pelo poder e pelo que de fato ou supostamente ele possa oferecer.
Todos os períodos de transição de lideranças políticas em Itabaiana foram conturbados. Mesmo que Batista Itajay tenha morrido em 1919, oito anos do primeiro grande sinal de declínio, Sebrão não conseguiu reaver com naturalidade a liderança, tendo que usar os cofres do município para suas lambanças políticas até ter o cofre, especificamente, aprendido em sua casa em 1927. Foram, ao todo, até o fim de qualquer influência em 1930, onze anos de agonia, sem que sequer aparecesse alguém para assumir a ponta da oposição a ele de forma vantajosa para o município. O advento do regime de 30, que depois seria rotulado de Estado Novo, enterrou de vez as pretensões de Sebrão e de Otoniel Dórea e de todos os demais inclusive Silvio Teixeira que oportunisticamente se postou “no lado certo e na hora certa”. Só em 1940 é que começa a aparecer a liderança de Manoel Teles e consequentemente, em seguida a de Euclides Paes Mendonça. A morte deste em 1963, mas uma vez deixou Itabaiana acéfala. A liderança de Chico de Miguel somente se consolidaria nas eleições municipais de 1976. Foram mais treze anos de indefinições e guerras internas. Desde 1976, entretanto, ressalvados os sustos, vivemos uma normalidade com, ora um lado, ora o outro no comando. Essa tranqüilidade está no fim. Sua agonia começou com os sinais eleitorais de 2000.
Não há no horizonte nenhuma promessa de alguém com perfil de estadista pra segurar essa peteca, no que pode desaguar em mais uma aventura de algum esperto ou, na melhor das hipóteses, num “resolvedor”, cheio de boas intenções. Apenas.